Um conjunto qualificado de subprodutos/coprodutos do agronegócio, provenientes de sobras e resíduos da atividade agrícola, vêm ganhando terreno como alimentos alternativos para nutrição animal em substituição ou complemento a itens mais tradicionais como milho ou farelo de soja.
Exemplos são farelo de girassol, volumoso/silagem de sorgo ou milheto, caroço de algodão, polpa cítrica, pena de frango, bagaço de cana, casca de arroz e de café, sebo bovino, farinha de carne e ossos, resíduos de cervejarias, graxa suína, couro de peixe, DDG do milho, entre tantos outros.
Este cenário ganha força, por exemplo, especialmente na pecuária, com o início do período seco. Nesta época do ano, de pouca chuva e temperaturas mais amenas, a preocupação do pecuarista com a alimentação do rebanho aumenta, já que o crescimento da pastagem é mais lento e a qualidade do pasto é menor.
Questões ambientais, oferta volátil, bem como oscilação nos preços dos grãos de cereais, tradicionalmente mais utilizados para alimentação animal, também são outros fatores que abrem espaço para o uso cada vez maior de outros subprodutos/coprodutos nas pecuárias de corte e leite, assim como na avicultura e suinocultura.
De acordo com a Embrapa, quando existem mais opções de ingredientes, aumentam-se as chances de atender as exigências nutricionais de rebanhos e plantéis, com a obtenção de respostas positivas no ganho de peso. Confira alguns subprodutos/coprodutos e/ou fontes alternativas para alimentação animal:
Agronomicamente, os sorgos são classificados em 5 grupos: granífero, sacarino, forrageiro, vassoura e biomassa. O primeiro grupo inclui tipos de porte baixo adaptados à colheita mecânica. O segundo grupo inclui tipos de porte alto apropriados para confecção de silagem e/ou como alternativa para produção de açúcar e álcool. O sorgo forrageiro é utilizado principalmente para pastejo, complemento alimentar para gado, fenação e cobertura morta. O grupo de sorgo do tipo vassoura é usado para confecção de vassouras, e o grupo de biomassa é destinado à produção de energia, com poder calorífico similar ao da cana, do eucalipto e do capim elefante.
Dos cinco grupos, o sorgo granífero é o que tem maior expressão econômica e está entre os cinco cereais mais cultivados em todo o mundo, ficando atrás do arroz, trigo, milho e cevada. Com a produção concentrada, principalmente, no Centro-Oeste e Sudeste, a expansão do sorgo granífero, por exemplo, cresce em um ritmo de 10% ao ano. Um dos seus grandes atrativos é o seu preço, que gira em torno de 70 a 80% do valor do milho.
O milheto tem despertado cada vez mais interesse como fonte de alimentação animal. É uma gramínea rústica, de grande utilidade para sistemas integrados de produção, destaca a Embrapa. Para alimentação animal, o milheto pode ser utilizado na produção de silagem em regiões com déficit hídrico.
O milheto, nos últimos tempos, tem tido sua área plantada aumentada, sobretudo nas regiões de Cerrado, pelo enorme potencial de uso como planta de cobertura do solo oferecido para a prática do plantio direto, bem como para o uso como forrageira na pecuária de corte ou de leite.
O setor de rações para aves e suínos tem demonstrado forte interesse no milheto para nutrição dos plantéis. Além do baixo custo de produção, a qualidade nutricional é outro ponto de destaque. O milheto possui teor e qualidade da proteína bruta semelhantes aos do sorgo e superiores aos do milho e seu teor de energia metabolizável é similar ao dos demais grãos energéticos utilizados na alimentação animal.
Da produção da farinha de trigo para consumo humano resultam vários subprodutos, dentre eles o farelo, o gérmen e frações de aleurona do grão. De cada tonelada de trigo processado, 70 a 75% é convertida em farinha e o restante, 25 a 30% é transformada em subproduto com uso potencial na alimentação animal.
O farelo de trigo pode ser uma fonte energética chave para o manejo nutricional do rebanho. Além dos benefícios nutritivos devido a sua composição química, o farelo também se mostra como complemento viável do milho, especialmente, em momentos de alta nas cotações do grão.
O caroço é um coproduto da produção do algodão que – comercialmente – pode ser encontrado em sua forma bruta (linter + casca + amêndoa), ou ainda na forma de torta de algodão ou farelo. Trata-se de outro subproduto proveniente da indústria, bastante utilizado na dieta de bovinos leiteiros e de corte.
É considerado um alimento muito palatável para ruminantes, e ”completo", porque reúne características de alimento volumoso, de concentrado proteico e de concentrado energético.
A produção de aveia tem papel importante nos sistemas de produção da região sul do Brasil, com potencial para diversas outras regiões. Seu valor nutricional faz da aveia uma excelente alternativa para a alimentação animal em períodos de escassez de alimentos, como ocorre no inverno.
Suas características permitem grande flexibilidade de uso, podendo ser utilizada na forma de pastagens, através do uso de grãos secos ou conservada na forma de silagem.